Sonhos são as lembranças dos encontros da alma com outros espíritos que acontecem quando estamos dormindo e, por isso, nem sempre têm um significado que possa prever o futuro.

Continuando a série de posts sobre como as religiões mais adotadas pelos brasileiros se relacionam com os sonhos, hoje vamos falar sobre o Espiritismo. Segundo o Datafolha, 3% dos brasileiros se definem como espíritas.

Os sonhos são discutidos pela Doutrina Espírita nas questões 400 a 412 d’O Livro dos Espíritos. Mas, antes de aprofundarmos a discussão, precisamos lembrar que, segundo a doutrina, o espírito encarnado (ou seja, todos nós) sempre tenta se libertar das restrições impostas pelo corpo físico, desencadeando um fenômeno chamado “Emancipação da Alma”, que é estudado nas questões 400 a 455 também d'O Livro dos Espíritos.

Mas onde entra o sonho nessa conversa? Bem, o sono é um dos tipos de emancipação da alma pois, quando dormimos, entra-se em contato com outros espíritos. Assim, para o Espiritismo, os sonhos seriam as lembranças do que a alma viu e fez durante o sono.

É por acontecer dessa forma que muitas pessoas não conseguem lembrar direito dos sonhos. Como as percepções foram do espírito, elas não foram captadas pelos órgãos do corpo material (como o cérebro, por exemplo). Quando a pessoa é um espírito elevado – e tem maior controle do perispírito e do corpo material – ela consegue lembrar dos sonhos com maior precisão.

Ou seja, a lembrança dos sonhos é diretamente proporcional à evolução do espírito ou a tarefa que precisam cumprir com o mundo espiritual quando estão "desdomados". Enquanto os espíritos elevados usam o sono para conviver com seus pares e trabalhar em obras de ajuda a outros espíritos em sofrimento, o mesmo não acontece com os espíritos inferiores, que acabam tendo lembranças imprecisas e perturbadas dos sonhos.

O que a Doutrina Espírita diz sobre o significado dos sonhos?

Sonhos têm significados reais? Mesmo sendo muito pesquisada, essa questão não tem uma resposta única ou definitiva. Para a Doutrina Espírita, “é absurdo admitir que sonhar com uma coisa anuncia outra”, ou seja, muitíssimo raramente é possível usar os sonhos para fazer a interpretação de situações do cotidiano ou previsões do futuro.

Segundo o blog Café com Kardec, três fatores dificultam a interpretação dos sonhos:

    1.  As percepções que temos nos sonhos são captadas pelo espírito e não pelo corpo físico;

    2.  Há uma resistência às informações do próprio corpo carnal em relação às percepções
         recebidas pelo espírito;

    3.  As imagens recebidas nos sonhos são reais apenas para o espírito, que as vê e normalmente
         não têm relação com o que se passa na vida corpórea.

A partir desses três fatores é fácil inferir que apenas espíritos muito elevados teriam sabedoria e elevação intelecto-moral para analisar os sonhos de forma interpretativa. Porém, a maioria dos encarnados na Terra (nós!) não têm essa condição e suas possíveis interpretações estariam influenciadas por um parco conhecimento e por seus comportamentos e histórias de vida pessoais, ou seja, seriam parciais e incorretas.

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