Insônia no caminho do sono de qualidade

19 de dezembro de 2023

Número de pessoas com insônia vem aumentando a cada década e isso se deve, em grande parte, à piora nos padrões de hábitos

Dormir bem é fundamental. Mas quando essa noite adequada de sono não acontece, vários aspectos podem ser prejudicados, pois o sono tem funções essenciais para o nosso organismo, como a manutenção do equilíbrio psíquico, emocional e metabólico. Um dos distúrbios que dificultam esse momento de qualidade do sono é a insônia. A insônia é um distúrbio prevalente e pode estar associado a vários transtornos mentais e condições clínicas. “Estima-se que um terço a dois terços dos adultos relatam sintomas de insônia de qualquer gravidade, e aproximadamente 10 a 15% têm insônia crônica com consequências diurnas”, explica Bárbara Hunhoff, médica Pneumologista especialista em Medicina do Sono, na Clínica LabSono e Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - Pavilhão Pereira Filho.


O número de pessoas com insônia vem aumentando a cada década e isso se deve, em grande parte, à piora nos padrões de hábitos. Estamos cada vez mais conectados, o estímulo visual aumentou muito, temos fácil acesso à televisão, internet, redes sociais, frequentemente levamos nossos celulares e tablets inclusive para a cama. Essa exposição à luz inibe a melatonina, hormônio que regula o sono, sendo altamente prejudicial ao sono. Confira abaixo uma entrevista com a médica sobre o que pode provocar insônia, tipos de insônia e tratamento, além de algumas dicas de como dormir melhor.
Bárbara Hunhoff, médica Pneumologista especialista em Medicina do Sono



O que pode provocar insônia?
- A grande maioria das pessoas apresenta um ou mais fatores de risco ou doenças associadas que podem estar contribuindo para a insônia. Entre as causas mais comuns: Hábitos inadequados de sono, ou seja, exposição à luz (lâmpadas, telefones, computadores) próximo ao horário de dormir, não ter horários regulares para dormir e acordar, alimentar-se muito tarde. Fatores individuais – idade avançada, sexo feminino (especialmente período menstrual, menopausa, gestação), história familiar de insônia. Doenças psiquiátricas – estima-se que metade dos pacientes com insônia crônica tem um transtorno psiquiátrico, principalmente depressão e ansiedade. Outras condições médicas: dor crônica, doenças respiratórias e cardiológicas que muitas vezes podem piorar os sintomas durante o sono (falta de ar e acúmulo de secreções), outros distúrbios do sono (apneia obstrutiva do sono, síndrome de pernas inquietas). Uso de medicamentos e substâncias - estimulantes do sistema nervoso central, alguns antidepressivos, glicocorticoides, além do uso de álcool, cafeína e tabaco.



Quando procurar tratamento para insônia?
- Se você tem dificuldade para iniciar o sono (demorar mais de 30 minutos para adormecer), acorda durante à noite e apresenta dificuldade para voltar a dormir, acorda mais cedo do que gostaria e percebe que isto ocorre com certa frequência e está afetando sua qualidade de vida, impactando nas tarefas diárias, seu humor ou saúde física e mental, deve procurar atendimento médico para avaliação adequada.

Há tipos de insônia? Quais?
- Sim. A insônia pode ser classificada de acordo com o momento em que ela ocorre durante o período do sono: inicial (dificuldade para iniciar o sono), manutenção (dificuldade para manter o sono, acorda diversas vezes e/ou tem dificuldade para reiniciar o sono), despertar precoce (acorda antes do horário que deseja). A outra classificação da insônia refere-se ao tempo do início dos sintomas, podendo ser aguda, recorrente ou crônica, esta última de maior impacto, que se caracteriza por sintomas pelo menos 3 vezes por semana por no mínimo 3 meses.

De que forma a insônia pode prejudicar o organismo?
- A falta de sono acarreta múltiplas consequências na qualidade de vida, sendo frequente queixas de fadiga, sonolência, alteração de função cognitiva, podendo ocasionar absenteísmo e diminuição da produtividade no trabalho e estudos, risco de acidentes de trânsito e predisposição a transtornos mentais, cardiovasculares, metabólicos, entre outros.


Como se dá o tratamento?

- O tratamento da insônia depende da sua duração, de suas causas e de características individuais. O principal tratamento para insônia crônica é a Terapia Cognitivo-comportamental (TCC), que engloba técnicas educacionais (medidas de higiene do sono), comportamentais (controle de estímulos, restrição de tempo de cama e de sono, técnicas de relaxamento) e cognitivas (desviar a atenção para o que lhe impede de dormir). Outras estratégias não farmacológicas, como massagem, mindfulnes, acupuntura, nutrição, também podem ser realizadas. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de tratamento farmacológico, porém sempre associado à TCC. A escolha da medicação é baseada na história clínica do paciente, tipo de insônia e comorbidades associadas – ou seja, a medicação do seu vizinho/familiar/amigo, pode não ser adequada para o seu caso, devendo sempre ter uma avaliação individualizada.


Dicas que podem ser adotadas para uma melhor qualidade de sono:
- Ter horários regulares para dormir e acordar, inclusive nos finais de semana;
- Evitar cochilos durante o dia, especialmente prolongados (não mais do que 30 minutos);
- Evitar refeições pesadas à noite e próximas ao horário de dormir;
- Reduzir as luzes 1-2 horas antes de dormir (e isso inclui telefones, computadores, tablets);
- Ir para a cama somente quando estiver com sono;
- Criar um ambiente adequado para dormir (escuro, silencioso, temperatura agradável);
- Praticar exercícios físicos regularmente;
- Evitar o consumo de bebidas estimulantes 6 horas antes de dormir (café, chá-preto, refrigerantes, chimarrão...);
- Sempre que possível, se exponha ao sol pelo menos 15 minutos no início da manhã.
Fonte: LabSono

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