Você já parou para pensar sobre o que significa na vida do ser humano um boa noite de sono e, por consequência, um bom colchão? Convidamos dois fisioterapeutas educadores físicos para falar sobre mudança de hábitos em prol do descanso adequado.

Dormir é o maior ato de recuperação que o corpo tem. Quando não dormimos podemos sofrer inconsistência do humor, alterações neuroendócrinas e diminuição da capacidade músculo-esquelética. Além disso, é comum pessoas que dormem pouco ou dormem mal apresentarem sintomas tais como dor no corpo e disfunções no movimento.

Em um bate-papo informal no programa Companhia Inteligente, transmitido pela Rádio Guaíba, Fátima Brum e Cesar Abs de Agosto, que são fisioterapeutas e educadores físicos, deram várias dicas de como transformar uma noite de sono em um momento reparador de verdade. ”O repouso está diretamente relacionado ao bem-estar. E o sono é um dos atos mais importantes, porque mexe muito com o ciclo circadiano e com todo o ritmo do organismo”, explica Fátima. Ela frisa que, se dormimos em um ambiente não apropriado, seja por influência do colchão, iluminação, ruídos ou qualquer fator que faça com que a pessoa não consiga relaxar, a saúde estará comprometida em algum grau. Todos esses fatores interferem na qualidade do sono e, mesmo que o colchão seja Vivar, sozinho não opera milagres. “É necessário que todas as variáveis estejam funcionando harmonicamente a favor do sono, portanto, é um conjunto de atitudes que faz com que possamos estar bem”, comenta.

O que acontece no corpo enquanto dormimos?

O fisioterapeuta Cesar lembra que, quando dormimos, há uma infinidade de atividades ocorrendo: a ação do metabolismo hormonal, a formação de proteínas e até mesmo a elaboração dos sonhos são fundamentais, pois ajustam uma série de mecanismos psíquicos. Não dormir e não atingir o nível de sonhar é ruim”, destaca.

Diferentes substâncias naturais ao organismo, principalmente no cérebro, são responsáveis pelo início, manutenção e final do repouso noturno. Dois exemplos de elementos que regulam o sono são a adenosina e a melatonina. “Ao longo do dia, o corpo produz a adenosina, que serve como um medidor do tempo de vigília. Já durante a noite fabricamos a melatonina, que serve como um medidor da duração do escuro”, detalha Cesar.

É importante frisar que o funcionamento dessas substâncias depende também de fatores externos. A melatonina, por exemplo, é fotossensível, o que justifica todas as recomendações sobre a importância da ausência de luz no quarto, um cuidado básico noturno. “Toda fonte de luz deve ser evitada, desde o celular até as luzes menores e aparentemente inofensivas, como o led da televisão ou do ar condicionado”, frisam os profissionais.

A melatonina é tão importante que, quando o ciclo do sono termina e o corpo emite um sinal para despertarmos, também pausa a produção (de melatonina) e sinaliza o começo da fabricação de cortisol, hormônio que tem como função nos deixar alertas e iniciar a dinâmica da cognição e o funcionamento dos sistemas nervoso e cardiovascular. Ou seja, diferente do que popularmente se imagina, a presença de cortisol não é sempre sinônimo de estresse.

Quais as vantagens de uma boa noite de sono?

Fátima e Cesar listam uma série de benefícios que uma boa noite de sono oferece:

• É importante para o cérebro, para a memória e humor: é de conhecimento geral que uma noite mal dormida atrapalha nosso desempenho ao longo do dia seguinte. Uma das funções que mantém o cérebro ativo durante o sono é o processamento das vivências e informações captadas ao longo do dia anterior, que são transformadas na noite em novas memórias.
• É essencial para o coração: o sono é importante para dar uma folga para o coração e ao sistema cardiovascular como um todo. Tanto a frequência cardíaca como a pressão arterial passam por uma significativa redução durante o sono, o que limita o risco e a gravidade da hipertensão e da insuficiência cardíaca, por exemplo.
• É indispensável para a imunidade: dormir bem impacta diretamente na capacidade de lidar adequadamente com infecções e inflamações. Além disso, atua na regeneração de células e tecidos, os quais são continuamente "agredidos'' ao longo da vida.
• É fundamental para os hormônios e para controlar a obesidade: um aspecto importante sobre o sono é a sua relação com a fome, o gasto de energia e a disposição. Ele equilibra três hormônios chave, dos quais dois (a leptina e a grelina) são importantes para determinarmos a fome que sentimos, e a insulina, que é responsável pelo controle da glicemia.

E quando o sono não vem ou dormimos mal?

Uma das consequências que a pandemia causou, atrelada ao isolamento social, é a má qualidade do sono. Por estar em casa e realizar menos atividades ao ar livre, não se cansa (fisicamente) e, por isso, não há sono. E entre os impactos destaca-se a baixa produção do cortisol, que pode provocar doenças sérias como depressão.

Mas a falta de sono pode causar outros prejuízos. A qualidade do sono inferior ou mesmo a privação, prejudicam a capacidade de memorização, que afeta o desempenho no trabalho e na rotina cotidiana. Além disso, dormir mal afeta a atenção - sem a qual não há memória. Irritabilidade, ansiedade e tristeza são comuns em indivíduos com insônia.

Outra área afetada é o sistema imune. A privação de sono leva à incapacidade da função imunossupressora e à dificuldade de o corpo "resolver" processos inflamatórios sozinho. Há ainda quem acorde com uma sensação de rigidez pelo corpo, causada pelo grande período de tempo parado em uma mesma superfície. É aqui que entra a importância de se deitar um bom colchão que colabore para que se acorde sem a tal rigidez.

Como ter uma boa noite de sono?

Manter um estilo de vida saudável é essencial para proporcionarmos ao corpo uma boa noite de sono. Ou seja, fazer exercícios, ter uma alimentação saudável e beber bastante água durante o dia são atitudes indispensáveis. Muitas das dores musculares mais comuns são evitadas com a prática de exercícios físicos. A falta de movimentos deixa os músculos tensionados.

A hidratação é outro fator importante. O corpo é formado por 70% de água, por isso, para mantê-lo em pleno funcionamento, deve-se tomar muita água. É ela que possibilita a manutenção dos tecidos que revestem as estruturas do nosso corpo.

É preciso perceber os motivos dos problemas para tratar as causas e não as consequências. Quem dorme mal deve se empenhar na mudança de hábitos para garantir, inclusive, saúde emocional. Quanto melhor é o cuidado em cada aspecto e processo do corpo, melhor é a qualidade de vida da pessoa.

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