Apesar de bastante comum, atingindo 8% da população mundial, pouco se fala sobre a paralisia do sono, um dos distúrbios do sono mais assustadores que se tem notícia.

Após um dia estressante de trabalho e compromissos, tudo que a maioria das pessoas gostaria de usufruir é de uma boa noite de sono. Tomar um banho quente, deitar em uma cama aconchegante e se entregar ao mais relaxante dos sonos. Esse momento de repouso pode, contudo, se tornar um verdadeiro pesadelo para quem sofre de paralisia do sono.

Naquele exato momento em que o indivíduo se encontra entre o sono e a vigília é quando o distúrbio ocorre. De repente a pessoa acorda, abre os olhos e — apesar de consciente — não consegue se mexer. Ela tenta falar e percebe que a voz não sai. Os batimentos aceleram, mas o corpo permanece imóvel. Há também relatos de vultos, presenças estranhas no ambiente e aperto no peito, além de barulhos perturbadores. O pior é que não há nada que possa ser feito, além de respirar, tentar relaxar e esperar a paralisia passar.

Se este simples relato foi capaz de deixá-lo arrepiado, o documentário The Nightmare — produzido em 2015, com direção de Rodney Ascher — não é recomendado para você. O filme — que esteve disponível no catálogo da Netflix, logo após seu lançamento — traz depoimentos de pessoas que sofrem com o distúrbio e simulações mais realistas do que muitos títulos de terror.

A condição, na qual o cérebro desperta enquanto os músculos continuam dormentes, ocorre durante a fase mais profunda do sono — também conhecida como REM (sigla em inglês, para “movimento rápido dos olhos”) — e dura no máximo 4 minutos. Essa falha de comunicação pode ser induzida por padrões e hábitos irregulares de sono, estresse e ansiedade, além de insônia e privação de sono.

É importante lembrar que quando dormimos, algumas de nossas funções motoras são desativadas pelo cérebro para impedir movimentações noturnas excessivas durante o sonho, que possam resultar em ameaças a nós mesmos, como acontece no caso do sonambulismo. Assim, ainda que o coração e os músculos responsáveis pela respiração continuem funcionando, o corpo passa por uma atonia muscular, o que corresponde uma paralisia completamente normal dos músculos estriados (responsáveis pelos movimentos).

Algumas vezes, porém, o despertar do cérebro ocorre antes da recuperação do tônus muscular, de modo que é impossível se movimentar. É neste cenário que a paralisia se torna uma condição aterrorizante. As alucinações visuais surgem devido ao medo provocado pela falta de controle do próprio corpo, enquanto as sonoras podem ser justificadas pelo movimento dos músculos do ouvido, que continuam acontecendo mesmo quando todos os outros músculos do corpo estão paralisados durante o sono.

A paralisia do sono é bastante comum e, segundo estudos britânicos, atinge cerca de 8% da população mundial, não havendo prevalência de idade ou sexo. Contudo, o fenômeno só é considerado uma doença quando se torna recorrente (pelo menos dois episódios num período de seis meses) e/ou está associado a forte carga emocional.

As opções de tratamento incluem higiene do sono, terapia cognitivo comportamental e antidepressivos. Por isso, caso você esteja passando por experiências deste tipo, é muito importante consultar um profissional da saúde para obter o diagnóstico e tratamento adequados.



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