Sono e Luto: formas de lidar com a perda

10 de março de 2023

Luciana Villa Verde, psicóloga clínica, fala sobre resiliência e formas de se conviver com as perdas

Se a morte é a única certeza da vida, seria importante que pudéssemos abordá-la com naturalidade e atenção, sobretudo pelos efeitos que ela pode provocar em quem fica. Independente da crença sobre aquilo que ocorre ao corpo e ao espírito de quem parte, com frequência um óbito deixa um luto. Esse luto pode ser vivido de muitas formas, pode inclusive ter uma raiz que não se relaciona com uma morte em si, mas com a perda de algo. A única constante é mesmo a ausência e o vazio causado por ela. Um vazio que, em geral, traz consequências indesejadas, principalmente quando afeta o sono. A melhor forma de lidar com isso, é falar. Falar mesmo que não seja fácil, mesmo que o assunto seja um tabu. 

Ao tratar sobre o luto, a morte e as perdas da vida em seu instagram, a psicóloga clínica Luciana Villa Verde apresenta estratégias capazes de conduzir as pessoas naquele exato momento em que elas se encontram mais perdidas e vulneráveis diante dos acontecimentos. Para ela, um dos principais pontos de qualquer processo é nomear os sentimentos: "Quando damos nome àquilo que sentimos, conseguimos cuidar dessa dor de forma mais eficaz. Talvez, para algumas pessoas, a tristeza seja o sentimento principal durante o luto, mas a raiva, a culpa e a apatia, também estão bem presentes", revela Luciana. 

Por se tratar de um momento singular, cada pessoa vivencia o luto de uma forma e precisamos estar atentos aos sinais para saber a hora certa de buscar ajuda. "A primeira coisa que acho importante é entender o que é saudável. Às vezes a gente tem a mania de achar que saudável é nunca estar triste, é não chorar, é viver como se vivia antes da perda. E isso é quase impossível. Porque a tristeza é um dos sentimentos mais presentes nesse processo e nos sentirmos tristes é sim saudável" assegura a psicóloga, que complementa: "encarar a realidade da perda sem ignorar os nossos sentimentos – sejam eles de raiva, culpa, tristeza – pode ser um primeiro passo para entendermos as alterações que irão ocorrer neste período". 

Mudanças comportamentais, emocionais e até mesmo cognitivas são esperadas durante o processo, tendo em vista que o luto reflete em muitos aspectos da vida. Por isso, a dificuldade para dormir também pode aparecer como uma consequência dessa inquietação. E embora esse seja um sintoma bastante comum, é preciso se manter atento para que a insônia não acarrete em outros problemas. "Nos primeiros dias será muito natural que o sono fique desorganizado mesmo, porque nosso cérebro está lidando com muitas emoções que exigem energia psíquica. Mas, a longo prazo, é importante que o sono volte a ser um momento de descanso e não mais uma questão a ser resolvida", pondera Luciana.

A privação de sono impede a reparação adequada do organismo, trazendo inúmeros prejuízos à saúde daqueles que dormem menos do que o necessário. Além disso, quem não dorme bem tende a ficar desconcentrado, irritado e cansado, o que torna ainda mais difícil para o enlutado lidar com as tarefas do dia a dia. Segundo Luciana, uma das principais medidas a serem tomadas é investir na higiene do sono. "De antemão uma medida que deve ser seguida é a preparação do corpo para o momento de repouso. Isso inclui evitar telas – como televisão e celular — momentos antes de deitar; deixar o ambiente o mais escuro e silencioso possível; evitar bebidas estimulantes após as 17h; manter uma rotina de horário para adormecer e despertar e evitar cochilos ao longo do dia. Dicas simples mas que podem ajudar muito quem está passando por esse momento", recomenda Luciana. 

Vale ressaltar ainda que, se o problema não for a falta, mas o excesso de sono, buscar ajuda será o melhor caminho. "Por vezes o pedido de ajuda acaba vindo de um familiar ou amigo próximo que percebe as dificuldades do enlutado em dar seguimento a atividades básicas do dia a dia – como se alimentar ou interagir socialmente", aponta Luciana. Segundo ela, ainda há muita resistência na procura por um profissional de saúde mental: "muitas pessoas ainda percebem como fraqueza a busca por um apoio psicológico. E, na verdade, não é. Pedir ajuda exige que a gente admita que não estamos dando conta de todas as emoções e transformações da vida sozinhos. Que precisamos de alguém para nos ouvir, nos acolher e nos ajudar a reorganizar nossa existência". 

O rompimento de um laço afetivo pode ser desestruturador para algumas pessoas, levando-as a uma tristeza tão profunda que elas não conseguem sair do lugar. Luciana acredita que, nestes casos, "o que pode ser um guia é observar o quanto essa dor está dominando a vida da pessoa. A dor não deve ser sufocante o tempo inteiro, 24 horas por dia. Não porque isso é “anormal” ou “errado”, mas porque é cruel, pesado. Ninguém merece viver assim". 

O grande desafio do luto é, segundo a psicóloga, descobrir como conviver com ele. "Para algumas pessoas ver fotos, recordar momentos importantes, ritualizar algumas datas vai ser muito significativo e valoroso. Para outras, será motivo de maior sofrimento. É um processo de tentativa e erro, de experimentar o que nos conforta ou não". E Luciana entende isso não apenas de um ponto de vista profissional, mas também daquele de quem está passando pelo processo. Em maio de 2022, ela perdeu o pai. "Acredito que aceitar que perdemos um vínculo importante na nossa vida e que a partir disso muitas mudanças irão acontecer é um passo bem importante. E quando falo em aceitação não falo em se resignar diante na vida, pelo contrário, falo em se abrir para as possibilidades de amparo e de compreensão do nosso luto".

Parte desse amparo, Luciana encontrou na yoga: "No meu processo de luto encontrei na prática de yoga um espaço de acolhimento de minha dor e também de cuidado com meu corpo e minha saúde mental. Junto com minha psicoterapia, o yoga me mostra a importância de ter disciplina e atenção aos meus sentimentos. Aprendi que não vou estar com energia para praticar todos os dias por uma hora, mas posso praticar por 5 minutos e isso já me trará conforto", constata. Esse aprendizado, aliás, ela usa também em outros aspectos da vida: "provavelmente eu não vou conseguir fazer tudo o que fazia antes de estar em luto, especialmente nos primeiros dias. Eu não vou conseguir trabalhar a mesma quantidade de horas nem socializar como antes. Porque é um período de maior introspecção e menos energia. Mas, a cada dia que passa, vou percebendo que consigo “caminhar um pouquinho mais”, que minha resiliência diante da minha dor se fortalece. Que mesmo que eu fique bastante triste em alguns dias, estou fazendo o meu melhor para cuidar de mim. E isso é ser resiliente. Não é colocar os meus problemas para debaixo do tapete, é fazer o meu melhor, dentro do meu possível, tendo consciência de toda minha dor".

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