Indígenas dormiam de acordo com suas demandas fisiológicas e não atendendo uma necessidade social

Guajajara, terena, guarani, kaiowá, ianomâmi são algumas das etnias que representam os povos indígenas do Brasil. São os habitantes originários, presentes por aqui antes da chegada dos europeus. Pelos cálculos históricos estimados, no final do século XV, havia de cinco a sete milhões de indígenas no Brasil. Conforme o Censo de 2022, a população de indígenas hoje é de 1,6 milhão. Um povo que atravessou boa parte do tempo com um comportamento de dormir um pouco diferente. Um comportamento mais natural. Alguns estudos, recentes, apontam para uma curiosidade importante: praticamente não existiam casos de insônia.

É preciso sempre se atentar que influências étnicas são fundamentais para compreender as características do dormir dos povos originários. E mais: a organização social é outro fator essencial. Pesquisa divulgada pela USP, realizada em maio de 2006, levando em consideração hábitos de sono dos povos originários do Brasil, a partir de estudo de algumas etnias, os indígenas dormiam de acordo com suas demandas fisiológicas e não atendendo uma necessidade social com horários impostos para trabalhar e estudar, tal como acontece para a população urbana. Os apontamentos fizeram parte da dissertação de mestrado de Fernanda Torres, na época do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos (GMDRB), da USP.

Existia e ainda acontece, em muitas aldeias, uma relação com a luminosidade do dia. Ou seja: o nascer e o poente do sol agindo como guias. Há ainda o comportamento, em algumas etnias, de dormir regularmente durante o dia, a conhecida sesta - repouso após a refeição/almoço, pelo menos uma vez por semana, que também é influenciado por fatores culturais e ambientais. Na jornada do sono, caracterizado no ser humano por 5 estágios, o estudo indica que os indígenas têm o sono mais saudável que a população urbana. É preciso lembrar que a grande maioria dos povos originários vivem em ocas em volta de um grande círculo e dormem em redes e esteiras. E em muitos casos com ausência da luz elétrica.

É possível destacar que os povos originários colocam, de certa maneira, em prática as influências circadianas, ou seja, as mudanças regulares dos estados mentais e físicos - o relógio interno do indivíduo. Mais do que o essencial descanso, o sono aproxima as pessoas de outra dimensão. É durante o sono que o organismo exerce as principais funções restauradoras do corpo. Isso muitos povos da floresta já contavam como necessidade do tempo: sono é saúde.

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