Entender como modificar o rumo de seus sonhos pode ajudá-lo a solucionar problemas na vida real, mas é preciso estar atento aos possíveis efeitos colaterais do uso da técnica.

O universo dos sonhos é tão vasto e cheio de mistérios que, ao nos debruçarmos sobre suas possibilidades, podemos encontrar boas maneiras de lidar com nossas mais profundas questões. Com um pouco de curiosidade, somos capazes de embarcar em contextos que só nos parecem possíveis em filmes, mas que são de fato baseados na realidade. Um bom exemplo disso são os sonhos lúcidos.

É provável que muita gente só tenha entrado em contato com o termo após o lançamento de Inception (A Origem) — película escrita e dirigida por Christopher Nolan, que estreou nos cinemas em 2010. Mas o conceito existe há muito mais tempo, aparecendo inclusive em textos de Aristóteles.

Os sonhos lúcidos são aqueles em que o indivíduo tem consciência de que está sonhando e, com isso, pode assumir a direção da narrativa de seu próprio sonho. Não havendo, porém, nenhum controle sobre o inconsciente de terceiros, como sugere o filme.

Estudos estimam que ao menos 55% dos adultos tenham tido alguma experiência com sonhos lúcidos durante a vida e 23% as tenham com maior frequência. E, embora eles tendam a ocorrer espontaneamente, é possível aprender a provocá-los através de alguns métodos.

O psicofisiologista Stephen LaBerge, pioneiro da pesquisa sobre o assunto, realizou inúmeros estudos sobre sonhos lúcidos nos últimos 20 anos, criando, inclusive, uma das técnicas mais populares para alcançá-los. Seu trabalho também ajudou pesquisadores a descobrir os benefícios terapêuticos da atividade no tratamento de condições como TEPT, pesadelos recorrentes e ansiedade.

Questões emocionais parecem ser as mais beneficiadas pela técnica, sobretudo pela possibilidade de ressignificação apresentada por ela durante o sonho. Afinal, os pacientes poderiam ser treinados a desenvolver a capacidade de transformar um trauma ou pesadelo em um sonho lúcido e assim modificar o enredo da história, assumindo o controle da narrativa. Outra possível vantagem do método seria a melhoria no desenvolvimento físico e motor por meio de "ensaios durante o sono".

Mas, embora haja estudos promissores, ainda é preciso cautela e muita pesquisa para que as técnicas sejam utilizadas de forma segura. Sobretudo porque alguns trabalhos sugerem que a indução aos sonhos lúcidos também pode provocar um risco maior de problemas para dormir, dissociação e paralisia do sono.

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